sexta-feira, 30 de setembro de 2016

IDEOLOGIA DE GÊNERO

Enquanto muitos perdem seu tempo criticando o “põe e tira saia”, graúdos de idade avançada armam arapucas assassinas para os próximos 2, 4 e 6 anos. Pai que é pai não anda ensinando nada! Mãe que é mãe tá de papo-furado na escada. E assim a criança que esses aí dizem proteger e zelar, fica a deus-dará vendo bobagens sem graça no WhatsApp da vida.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

A MÃO DIVINA DO ESTADO LAICO

Moldo a ti
Como argila:
Pressionando,
Apertando,
Formando uma vida.

Faço isso porque posso,
Distorço,
Sem esperar de você
Alguma revolta óbvia.

Satisfaço meu ego burguês
Neste Estado de Direita,
Enquanto você aí discute futebol,
Novela e merenda.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

À MARGEM DO CÓRREGO

Dobrou a esquina como se fosse gente fina, nariz empinado e olhos semicerrados. Andou a calçada toda sem olhar pros lados, o horizonte era o seu foco; ele não fixava as vistas em ninguém. Ao atravessar a rua, não viu o motoboy vindo em alta e periculosa velocidade! Não deu outra: o motoboy passou por cima, sem dó, sem piedade...


E é por isso que a gente nunca ouviu falar de um Rato de Botas. Tem coisas que não entram nas estatísticas.

domingo, 25 de setembro de 2016

JUVENTUDE MUTANTE

Corria em desespero, jovem raquítico feito de madeira encantada. Adentrou a floresta e não olhou mais para trás, seu medo lhe dava gás. Desembestou a correr que nem doido, quando, quem o seguia, quase o agarrou com a farinha! Jovem-menino não queria se tornar carne, não. Ser de madeira era melhor. Ele era quase um X-Men.

sábado, 24 de setembro de 2016

EDIFÍCIO JANE

Saltou do último andar, na esperança vã em poder voar. Estatelado no chão, ainda pôde ver pés descalços a se entreter. Tarzan civilizado não fora criado por pássaros.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

NEON

Foto: @brianskerry


Em meio a cores naturais,
Vejo a ti remoendo ais.
Vejo você triste e sozinho,
Lamentando a falta de carinho.

Não sei de nada a seu respeito;
Não sei nem se você é direito,
Mas sinto o mesmo que você.
Vejo você em mim, eu em você.

Em meio a esta prisão colorida,
Sozinhos estamos e, sem despedida,
Imóveis ficamos de tanto pranto.

Entretanto, se a gente assim se vai,
Qual é o sentido da vida, ora meu pai?!
Um dia, tudo se apaga, até o encanto.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

ANUNCIAÇÃO

Sentia que não era bem-vinda,
Criatura dita de família.
O desdém era geral,
Todo mundo ali lhe metendo pau.
Porém, a criatura não se constrangia,
Tava nem aí pras picuinhas;
Ficava só ali observando,
Ouvindo despropérios,
Praticamente os ignorando.
Numa pausa da fala brava,
A criatura revidou:
Se abriu toda em amostra —
A Verdade é límpida e causa dor,
Seja você quem for.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

OGRO INTELIGENTE

O ogro se dizia muito inteligente, tão inteligente que vivia dizendo a quatro ventos que não precisava de ninguém. Até quando caiu de cama, o ogro insistiu, vociferou, que sozinho estava melhor. Seu grande intelecto o salvaria, mesmo sentindo muita dor. Segundo o ogro, seus conhecimentos seriam suficientes e ele, certamente, sairia sobrevivente. Dito e feito, o ogro não morreu! Porém, toda manhã ele chora ao sentir na pele o calor da hora.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

JOÃO E O CU DE OURO

Do alto do pé de feijão, João se via num impasse: descer aquilo tudo com uma gansa gorda no lombo ou ficar por ali mesmo, só no aguardo do gigante irritado. João pensou, pensou e fez justo aquilo que não se pensava: deu uma grande gargalhada ao postar uma selfie dele fazendo biquinho ao lado do cu da ave. João só não se ligou na mão do gigante bem próxima deles...


João perdeu a vida, mas ganhou mais de um milhão de likes.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

REVISA-TE A TI MESMO

Acho natural essa volta a textos meus de outras épocas. É como se eu estivesse passando por uma revisão pessoal (ou textual) antes de engrenar de vez em novos projetos de cunho literário. Sei bem que sou só uma formiguinha neste vasto universo de pessoas que escrevem e que tentam viver só disso exclusivamente. É difícil. Mais difícil ainda se você não corre atrás, se dedica com afinco nesse projeto. Eu, por exemplo, admito que não estou tanto assim focado nisso. Passado vários anos desde o início neste passa-tempo, ainda o encaro como um passa-tempo. Já vi que há bons cursos aí em voga pra me profissionalizar e tal, mas, não sei, ainda acho que é muito cedo pra dar um passo maior em direção a isso. Até tenho uma coisa aí escrita e um punhado de poesias minhas reunidas pela metade, porém, parei com isso, não dei prosseguimento, encostei de vez até ter vontade novamente para tal. Não sei o que há realmente comigo (medo?). Acho que estou esperando algo que eu nem sei bem o que é. Essa volta aos textos antigos talvez seja um sinal de alerta. Talvez isso signifique um ponto de virada. Não sei. Não tenho certeza de nada. Ando vendo por aí que um bom escritor é sempre muito consciente no que faz, no que escreve. E eu não sou assim! Ao contrário, muito do que escrevo é meio inconsciente, inconsequente até. A espontaneidade faz parte do meu estilo, mesmo que tende para o bom ou para o mau. Admito que há coisas ali pensadas, bem pensadas às vezes. Porém, na maioria das vezes em que me proponho a escrever, deixo a minha mente seguir o seu próprio fluxo e fazer suas próprias conexões. Só depois que o “eu” entra pra por ordem na coisa toda. Vai ver é por isso que meus textos não são tão visualizados e comentados. Vai ver eu escrevo mal pra caralho mesmo! Ou vai ver eu não tenho um bom marketing pessoal, quem sabe? Enfim, tudo isso aí é devaneio, coisa boba. Mais vale continuar sendo eu mesmo e continuar escrevendo pra solucionar o grande mistério que é a vida. Escrever ainda é isso, não é?!

sábado, 17 de setembro de 2016

DÉJÀ VU À LA MONTAIGNE

Engraçado... Após ler tantas notícias dos mais variados assuntos em mais variados veículos mediáticos, percebo que algo ali não me é estranho e tampouco assim dito novo. Sinto que ao ler tantas coisas aí impudicamente publicadas algo se repete e não se disfarça. Sinto um recorrente déjà vu eclodindo a cada página e a cada tela visualizada. É como se o futuro repetisse o passado; é como ver um museu de grandes novidades, entende? Parafraseio a música do Cazuza aqui e isso não é gratuito. Talvez confuso a princípio, mas, certamente, preocupante. Explico: vendo e lendo tanta coisa por aí posta, sinto que estou de volta ao começo deste blog; sinto que estou de volta a 2009! Naquele ano, eu estava desempregado procurando emprego, cursando a pós e nada mais. Era meados da Segunda Era Lula e a Crise atingia o país em forma de marolinha. Mesmo assim, foi um ano difícil, havia muito atrito entre os pares e a incerteza pairava sobre as nossas cabeças — da minha principalmente! Este blog nasceu justamente nessa época. Eu estava à toa com desejo de produzir, de me sentir útil e assim vivo. Comecei timidamente a escrever aqui. Postei pouca coisa naquele ano. Contudo, ao perceber este nosso estado caótico atual, digamos assim, um texto antigo meu veio a mim de forma natural. Ele é de 2009 e, ao me lembrar dele e relê-lo, confirmei que aquilo que eu estava percebendo hoje, eu já havia percebido ontem. A Era do Caos está de volta! Ou vai ver ela só deu mais uma volta, uma maior. As coisas, hoje em dia, estão mais extremadas, bipartidas, polarizadas. Noto e anoto aqui a falta de Ordem e Progresso que uns aí dizem querer cumprir. Só ando vendo o Caos pra tudo que é lado! Da esquerda à direita, todos centrifugados. Parece que as pessoas estão mais irritadiças, mais intolerantes e cheias de gracinha. Tá difícil de conviver com essa gente xiita! Parece até que estão sendo controlados, de remoto e de cordinha. Teimo em não acreditar que as pessoas são assim de verdade verdadeira, de mente e coração. Espero realmente que tudo isso seja só verdade inventada pra sobreviver nesses tempos cáusticos de fachada. As pessoas são mais parecidas do que pensam pensar. É o que eu acho. Em todo caso, deixo aqui o link do texto meu que comentei antes. Ao lê-lo, você verá que ele mais se parece deste nosso tempo presente tratar — assustador.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

RAPUNZEL E O GIGANTE

Erguendo estruturas sólidas, o gigante de músculos trincados enfim vislumbrava o seu prêmio a duras penas conquistado: a jovem e pálida criatura, virgem de nascença até a última lua, tremia-se toda ao ver, horrorizada, o porte de seu salvador de prisão perpétua.

Queria ela apenas um nude do Paulo Zulu agora.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

BLACK BLOC PENSADOR

Envergado em si mesmo, o Homem de preto pensava:

“Como ser mais produtivo em um mundo cada vez mais imediatista, mesquinho e tedioso?”.

Pensava o Homem nisso há muito pouco tempo e sem resposta.

Até que, num estalido reflexivo, ela, a resposta, veio firme em forma de pujança:

RESET.

“Destruir este mundo imundo e, dos escombros, erguer um novo pra não perder mais tempo nesse jogo bobo”.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

DIVAGO SEM EGO FRESCO

Pensando cá no que fazer,
Acabo não fazendo nada
Enquanto o tudo
Passa por mim
Sem aviso prévio.

E nesse bacamarte chato
Me entrego
Sem plano algum nos bolsos
Pra sequer comer um ovo.

Ovo?!

D’onde vem esse papo-furado de ovo?
Estarei com fome
Ou isso é coisa de alarmante preocupante
Com a tal crise galopante?

Não sei.
Só sei que a crise é coisa tipo golpe de estado.