quarto
escuro. barulho de chuva na janela. gritos de socorro pela rua. ninguém acode,
ninguém se importa. em outros quartos, todo o resto assiste ao homicídio pela
tevê. sou o próximo.
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
quarta-feira, 29 de novembro de 2017
ELEFANTE DE MARTE
Em
meio à poeira vermelha, o marciano naturalizado caminha a passos lentos. A
gravidade em si não tem nada a ver com isso. Ele assim caminha porque está
muito cansado de subir e descer as infinitas dunas do planeta rubi. Seu cansaço
não é coisa de humor, é mais física essa dor. O astronauta-ancião ainda
caminha, pois, a geração posterior a dele, é perdida, então, cabe a ele o fardo
árduo de toda a humanidade.
terça-feira, 28 de novembro de 2017
IMPERIALISMO AMERICANO NAS RUELAS DO CAPÃO
desbaratinada corre
tina thompson
pela rua
é noite,
madrugada
ninguém à vista
ou de tocaia
tina thompson corre
que nem lola,
porém,
diferentemente daquela,
tina thompson cai
e se esborracha
— na quebrada,
quem se vende,
quebra a cara
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
A ARTE DA AUSÊNCIA
A arte da ausência
é a vida que se cria na solidão.
Fazia sol, um calor de
queimar quengo, mesmo assim, uma figura escura se atrevia a perambular pelada
pelo deserto em pleno dia. Não se distinguia bem a figura retirante. Era uma
mancha apenas; um borrão negro se via bem distante... No deserto, quem escalda
a própria sola, não peregrina por esmola. Quem a gente vê aqui, meio que não
vendo, é o sentido da vida no ventre estéril.
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
DEPOIS DA TORMENTA
Por
mares nunca antes navegados, a diminuta embarcação vagueia sobre ondas virgens.
Sua tripulação é restrita a uma pessoa apenas. Essa, neste momento, dorme o
sono dos justos. É noite e, em alto mar, a noite é mais noite do que em
qualquer lugar. A brisa marinha se faz presente e refrigera o corpo que nem
sopro de mãe em leite quente. O barco segue no balanço do destino e a pessoa
que lá repousa segue sonhando, e sorrindo.
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
A MINHA CARA REFLETE A MINHA ALMA
De nada sei sobre o Paraíso,
Tampouco quero saber do Inferno.
O que eu quero é simples:
Não ser mais um enfermo.
Sofrer, já basta meia vida.
Felicidade não quero direto na veia.
Quero um meio termo.
Desejo o sossego careca dos monges,
Que tomam sol, despreocupados, na laje
E caminham sem olhar pra celulares.
Anseio por uma vida assim,
Sem nada de valor nos bolsos,
Só com o gosto de viver no
rosto.
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
SÃO PAULO: PAU NO CU DOS ARROMBADOS
não é fácil ser gostoso,
diz um boy magia
no Trianon
a vida é dura,
sussurra uma puta
na Augusta
tá difícil trabalhar aqui,
grita um executivo
na Paulista
aqui é mole,
confidencia o prefeito dessa porra toda
chulo, torpe, falta de decoro
tua mãe me ama,
seu corno!
seu corno!
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